O MST tem razão
Por Rubens da Silva Castro e Jorge Gregório da Silva,
professores da Faced/Ufam.
O objetivo deste artigo é refletir acerca dos últimos
acontecimentos relacionados às escolas do MST que é, sem dúvida alguma, o
movimento mais politizado deste País. Na realidade, querem destruir um projeto
educativo que vem dando certo, do ponto de vista daqueles indivíduos que vivem
em assentamentos.
Entendemos que foi uma grande injustiça desautorizar o
funcionamento de uma proposta educativa simplesmente porque os autores dela não
aceitam a política educacional do governo, imposta a todas as escolas
brasileiras. Será que os operadores do direito não sabem que nem a Constituição
de 1988 e nem a LDB de 1996 obrigam matricular crianças nas escolas mantidas
pela poder público? Será que os especialistas na área de direito não sabem o
que a Constituição e a LDB garantem é apenas a gratuidade e a liberdade de
ensino? Se não sabem, é bom estudar mais a parte que trata da educação nesses
instrumentos jurídicos. Pela leitura que fizemos da proposta educativa do MST,
não temos dúvida em afirmar que é a única que está em sintonia com os objetivos
consubstanciados na Constituição de 1988 que, em seu artigo 205, declara “a
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, e seu preparo para o exercício da cidadania”.
Como se vê, as escolas do
MST seguem as orientações da Carta Magna no sentido de preparar o cidadão e não
o deficiente cívico. É um projeto que impressiona a qualquer pessoa que
pretende conhecê-lo, haja vista a organização do trabalho pedagógico que lá se
realiza. Criaram um projeto para a formação de seus próprios educadores, o
Instituto de Educação Josué de Castro, e seus materiais pedagógicos são
fundamentados na pedagogia freiriana e do pensador Makarenko, fundador da
pedagogia marxista. Os conteúdos das disciplinas tanto do ensino fundamental
quanto do médio são formativos e socialmente úteis para os interesses das
classes expropriadas. As questões da realidade são consideradas como ponto de
partida para o aprendizado dos alunos, porque são elas que conduzem à
construção do conhecimento. Segundo alguns educadores do MST, as crianças que
passam pela escola do Movimento são ótimos alunos quando vão estudar na cidade.
“Dão um pouco mais de trabalho para os professores, pois questionam, debatem,
mas tiram de letra as matérias da escola tradicional. Em síntese, podemos afirmar
que o MST tem, como compromisso e que não é objetivo das escolas sustentadas
pelo Poder Público, desenvolver a consciência de classe e a consciência
revolucionária.
É um modelo de educação cuja preocupação não é preparar o aluno
para o mercado de trabalho e ingressar na universidade, mas sim desenvolver uma
educação para a cidadania no sentido de fortalecer e aprimorar a democracia. O
que a justiça deveria fazer e não tem coragem é proibir a exibição de programas
que desagregam as famílias, sem conteúdos formativos e que levam as pessoas à
alienação. Como exemplo citamos o Big Brother. A proibição desse tipo de
programa não fere os princípios democráticos. O que fere os princípios
democráticos é confundir liberdade com licenciosidade e democracia com bagunça.
Copiamos tudo o que não presta do países do primeiro mundo e o que presta, como
saúde, educação, salário e segurança, ficam por lá